O que é o preço justo? - Sem Economiquês

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domingo, 5 de abril de 2020

O que é o preço justo?


     
Em momentos de crises, o medo e a incerteza do futuro toma conta das pessoas. Diante disso, é comum ver noticiários falando sobre falta de produtos nas prateleiras, aumento exacerbado dos preços, reclamações da falta de empatia dos comerciantes, entre outros. No momento em que escrevo esse artigo (18/03/2020), está acontecendo exatamente isso. Devido a uma pandemia, pessoas estão procurando cada vez mais estocar alimentos, comprar itens de higienização (como o álcool em gel), porém, ou não encontram nas prateleiras, ou o preço não é “justo”, como dizem algumas pessoas. Contudo, antes de julgarmos moralmente a conduta de comerciantes, vamos tentar entender o que é um preço e como ele é formado.

Do ponto de vista econômico, o preço é o valor monetário onde tanto produtores e compradores aceitam pagar por determinado item. Talvez se você já estiver um pouco habituado aos temas econômicos, reconhecerá isso como a curva entre oferta (vendedores) e demanda (compradores). Quando há o equilíbrio entre elas, é formado o preço.

Princípios Básicos da Economia – Oferta e Demanda
Neste gráfico, é possível ver que os vendedores (ofertantes), em tese, sempre buscam vender o máximo de produto no maior preço possível. Já os compradores (demandantes) buscam comprar o máximo de produtos pelo menor preço possível. Pode-se notar também que, se o preço subir, ofertantes buscam ofertar ainda mais e, se o preço diminui, consumidores tendem a consumir ainda mais.
   
 Visto isso, qual seria a função do preço? Em uma economia livre, o preço é um código que transmite informações para todos os participantes. Ele regula o mercado para que se produza mais ou menos. Por exemplo, imagine que o preço do álcool em gel aumente muito do dia para a noite. Logo, mais produtores verão que vale a pena produzir álcool em gel. Quando estes entram no mercado, a produção aumenta e o preço tende a cair, devido a alta quantidade de produtos no mercado. Então, o preço serve como um regulador, sinalizando se existe escassez ou abundância de um determinado produto no mercado.
   
O que parece ser simples e banal em uma economia de mercado, foi exatamente a destruição de economias que baniram sistemas de preços. Na União soviética, no início do regime, o partido baniu sistema de preços, pois se tratava de uma ferramenta capitalista contra os trabalhadores. Nos meses que se seguiram, o que se viu foi devastador. Enquanto a região que precisava de grãos para o inverno recebia excesso de sapatos, a região que precisava de mais sapatos recebia excessos de grãos.  Essa é a principal função do preço, ele não analisa somente quantidades, mas vontades e necessidades de consumidores, todos esses indivíduos independentes que possuem interesses diferentes. Mesmo que a união soviética tivesse uma planilha de excel gigante, seria impossível processar todas as necessidades em tempo real de todas as pessoas. O resultado foi que algum tempo depois, a União Soviética voltou a utilizar o sistema de preços baseado nos preços americanos, para que pudessem nortear a sua produção.

Agora que você entende isso, faz sentido o controle ou tabelamento de preços? Voltemos ao exemplo usado anteriormente. O álcool em gel é um item muito importante para diminuir a propagação de vírus, porém o que acontece com ele se determinarmos que o preço dele tenha que ter um limite máximo de R$50,00 o galão? Do lado dos ofertantes, aqueles que tiverem seus custos de produção subindo, devido ao aumento de consumo de álcool gel, verão seus lucros diminuindo até que passe a ter prejuízo. Isso incentiva esse ofertante a parar de ofertar o álcool gel. Além de desestimular qualquer outra pessoa, que tenha capacidade, a entrar no mercado de álcool gel.  Agora, do lado dos consumidores, o preço ser limitado a R$50,00 faz com que ele tenha o incentivo de comprar, e não apenas na quantidade que precisa, mas também uma quantidade superior para estocar, pois nunca se sabe quando pode acabar. Perceba, duas forças opostas, uma para diminuição de produção (ofertantes) e outra para aumento de consumo (demanda), isso leva invariavelmente para um resultado: ESCASSEZ e falta desse produto. Isso já foi visto diversas vezes, em diversos lugares, na época de hiperinflação no Brasil, quando tabelaram o preço da carne, evento que fez órgãos do governo a sobrevoar fazendas procurando gado dos fazendeiros “malvadões”. Crise dos combustíveis ha algum tempo aqui no Brasil. Exemplos não faltam, mas também não faltam pessoas que ainda tentam essa solução. Se o controle de preço for feito no sentido inverso, o resultado também acontecerá no sentido inverso: imagine o preço mínimo de frete (política adotada na última greve dos caminhoneiros), o que acontece? EXCESSO de produto, no caso dos caminhoneiros, muita gente parada querendo trabalhar sem ter para quem oferecer serviço.

Esses resultados serão os mesmos para qualquer item, em qualquer lugar e a qualquer tempo. Como disse Ayn Rand: “Você pode ignorar a realidade, mas não pode ignorar as consequências de ignorar a realidade”. Portanto, mesmo se em algum momento parecer injusto o aumento de preço, lembre-se sempre que apesar de parecer imoral, isso favorece em incentivos para que mais pessoas tenham acesso a esse produto.



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