Você realmente sabe o que é Dinheiro? - Sem Economiquês

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quarta-feira, 1 de julho de 2020

Você realmente sabe o que é Dinheiro?


  
  
Você o utiliza rotineiramente. Passa o dia em um trabalho, as vezes até um que odeia, para receber um pouco dele no final do mês. Usa toda sua sorte, na expectativa de conseguir uma pilha dele. Pessoas o invejam, o desejam. Não raro, pessoas sonham com ele. Talvez você nunca tenha parado para pensar sobre isso, mas você sabe o que é o dinheiro? 
  
Talvez você deva ter respondido que dinheiro é riqueza, mas não é bem assim. Muitas vezes é possível comprar riqueza com dinheiro, mas essa não é bem a definição dele.  
  
A definição que usaremos vem de Carl Menger, do livro “As Origens do Dinheiro¨ escrito em 1874, com uma atualização de Nick Szabo de um paper intitulado “Shelling Out: The Origins of Money”.  
  
A história econômica da humanidade começa com escambo, que nada mais é do que a troca de produtos. João cria galinhas e Fernando produz arroz. Em um determinado dia João vai ao mercado em busca de arroz, e Fernando está lá procurando alguém que crie galinha. Ambos se encontram, acordam a quantidade para cada um e escambo realizado com sucesso. 
  
Agora, como ocorreria se João quisesse batatas ao invés de arroz? E se Fernando quisesse apenas um bife para fazer um churrasco, o que ele faria com o restante do boi que ele comprou? 
  
Daí veio a necessidade de produtos intercambiáveis, ou produtos intermediários, ou simplesmente produtos mais fáceis de serem aceitos para trocar por outros produtos. Nick Szabo, encontrou registros históricos que civilizações antigas usavam conchas esculpidas como um produto de troca.  
  
Sim! Isso mesmo, conchas, foi daí que ele tirou o nome para o paper dele, pois é, economistas são bem criativos para inventar nomes. 
  
Mas, voltando ao que importa, civilizações usavam diversos objetos colecionáveis para pagar dotes de casamentos, espolio por guerras e várias coisas cotidianas da época, isso foi chamado de proto- dinheiro. 
  
Durante toda história foram surgindo vários tipos de dinheiro, e desaparecendo a medida que apareciam alguns melhores. Cacau, gado, sal, todos esses produtos já foram utilizados como moeda. Até mesmo cigarro já foi considerado dinheiro durante a segunda guerra mundial. 
  
Esses produtos foram tão importantes que alguns determinaram os nomes que damos as coisas. Provavelmente você já ouviu a palavra salário, você sabia que esse nome foi dado porque em um determinado momento pessoas recebiam pagamentos em sal? Pois é, o termo “pecuniário”, vem da palavra grega pecus, que significa gado, uma moeda utilizada na Grécia antiga. 
Tudo bem, você já deve ter entendido isso, mas quais são as qualidades de uma boa moeda? 
  
Escassez, durabilidade, transportabilidade, divisibilidade, homogeneidade, uniformidade e maleabilidade. Calma, vou explicar cada uma delas. 
  
Escassez, traz a ideia de pouca quantidade, dificuldade em encontrar, já imaginou se areia da praia fosse dinheiro? Acho que isso não daria muito certo. 
  
Durabilidade, é a capacidade daquele objeto resistir no tempo, podendo ser passado para filhos e afins. 
  
A transportabilidade, é como o nome diz, facilidade de se transportar aquele objeto, acho que não precisamos de exemplo aqui. 
  
Divisibilidade. Como deveria ser comprar umas balinhas quando a moeda era gado? Você cortava uma orelha? O rabo? Sacou o problema? 
  
Homogeneidade. Usaremos a moeda de gado novamente, existem bois maiores, bois menores, bois mais fortes, mais fracos, como fazer trocas assim? 
  
Agora a Uniformidade. É a capacidade de se determinar se essa moeda é falsa ou não. 
  
Por último, mas não menos importante, temos a maleabilidade. Essa qualidade é a que permite você transformar aquele objeto em diversas formas, moeda, lingote, barra, fio e por aí vai.  
  
Quando se procura uma nova moeda ela precisa ter essas qualidades para ser boa, e essa escolha foi sendo feita por milhares de anos na humanidade, sendo testada e substituída até que chegarmos nos metais preciosos como ouro e prata. 
  
Menger também foi um dos primeiros a fornecer o conceito de liquidez ou vendabilidade. Basicamente, ele postulou que quanto mais as pessoas querem aquele objeto para meio de troca, mais esse objeto é visto como uma reserva de valor. E quanto mais isso acontece, mais as pessoas o buscam como meio de troca, num sistema que se retroalimenta até que em um determinado momento aquele bem passa a precificar todos os outros bens. Não entendeu? Usemos o exemplo do ouro. As pessoas buscam mais o ouro como meio de troca, consequentemente pessoas começam a perceber no ouro como uma forma de reservar valor e esse ciclo segue, até que você vai ao mercado e percebe que dez quilos de tomate custa uma moeda de ouro. 
  
Tendo dito isso, pergunto a você: dinheiro é um substantivo ou um adjetivo? Existe aquilo que é dinheiro por si só ou várias coisas numa economia podem se tornar dinheiro em maior ou menor grau de acordo com uma região, localidade ou época?  
  
Acredite, esse conceito é algo raro de se aprender até mesmo nas universidades de economia. Hayek, em seu livro “A Desestatização do dinheiro” mostra que colocar o dinheiro como um substantivo é um erro, o mais sensato é utilizar o termo “dinheiro corrente” exatamente pela questão que apresentamos aqui sobre os bens que podem ser dinheiro. 
  
Para finalizarmos, é importante retirar da nossa cabeça alguns conceitos: 
Dinheiro não é um sistema métrico fixo ou régua de valor. O que isso quer dizer é que apesar de usar o dinheiro para dar preço a coisas, ele não é utilizado para calcular valor. Eu sei, esses termos se confundem bastante, trataremos esse assunto em um outro vídeo, mas entenda valor como algo mais pessoal. Imagine um homem em um deserto, para atravessar o deserto e sobreviver ele precisa escolher entre carregar um baú gigante com diamantes ou um galão de água. Obviamente diamantes possuem um preço muito maior, mas a água para o momento tem um valor muito mais importante. 
  
Por último, dinheiro não é criação estatal. Sim, ele pode influenciar e influencia muito na oferta de dinheiro, mas isso não é uma obra dele. O Real que você utiliza para pagar suas contas, foi impresso pelo Estado, mas isso não significa que caso não houvesse o Real, o sistema econômico estaria em colapso. Não, como vimos, o mercado escolhe o melhor dinheiro disponível. Se hoje usamos o real, é porque existe um instituto legal chamado curso forçado, basicamente, você é obrigado por força de lei a utilizar o real e mais nenhuma moeda, sendo crime você utilizar outra moeda em território nacional. O motivo dos estados fazerem isso é assunto para outro texto. 
  
O entendimento de dinheiro quase não é difundido nos dias de hoje, e isso cria noções perigosas, seja com ou sem, mas intenções. Entendo que ele simplesmente é um produto abre espaço para que você conheça diversos outros conceitos complexos de economia. Espero você no próximo texto. 
  
Lembre-se sempre, é importante estudar economia para nunca ser enganado por um economista. 

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